Sobre a Profissional e Sobre a AVIVAH

Sou Franciéle de Oliveira Scalcon, filha de Francisco Adroaldo Minozzo Scalcon (In memoriam) e Sandra Mara de Oliveira Scalcon. Nasci e cresci na Cidade de Santiago – Rio Grande do Sul, de família simples, pai pintor e mãe doméstica, os quais tenho muito orgulho e que me educaram para tornar-me a mulher que sou hoje.

Quando criança ingressei na Escola no ano de 1993, já com 6 anos completos, pois faço aniversário no meio do ano em junho; estudei desde a pré-escola até a conclusão do Ensino Médio na mesma Escola, o que me possibilitou ter um grande vínculo com todos os agentes de mudança que fizeram e ainda fazem parte da Instituição.

Na passagem da 2º série para a 3º série do Ensino Fundamental, no meio do ano, mais precisamente no mês de julho de 1995 foi que perdi meu pai para um acidente de trabalho. Neste ano, devido a todo o acontecimento, luto pelo qual passava junto a minha mãe, parei de estudar, retomando os estudos somente no ano de 1997. Na época as professoras, diretora, enfim, todas os responsáveis pela escola resolveram em vez de eu retomar os estudos na 2º série a qual havia parado, ingressei direto na 3º série, o que me dificultou bastante o aprendizado, devido a ter perdido meio ano de estudo da série anterior, mas com muita dedicação, auxilio das professoras consegui seguir o Ensino Fundamental sem reprovações.

E foi na escola que pude entender o significado de empatia e resiliência; empatia esta que todos os agentes de mudança tiveram comigo, durante todo meu processo de crescimento e amadurecimento; resiliência que eu tive que ter desde a perda de meu pai, a cada perda, a cada desapontamento,...

Durante a adolescência, tive que terminar os estudos na EJA, pois tinha que trabalhar durante o dia, sempre que pude desde os meus 14 anos de idade quis ajudar minha mãe com as despesas da casa, e assim foi, meu primeiro emprego como babá, depois logo consegui um emprego como vendedora de loja, e assim deu início a minha vida profissional.

Formação Acadêmica (comentada)

“A Universidade é um espaço privilegiado de aprendizado, reflexão, discussão e construção do conhecimento, proporcionados pela pesquisa, ensino e extensão, bases formadoras fundamentais, as quais foram decisivas para minha formação, bem como direcionaram minha carreira profissional.”

Durante os dois semestres cursados de pedagogia pude ter grandes conhecimentos, tive bastante dificuldade no início, com a maioria das colegas que já tinham magistério me sentia literalmente “um peixe fora da água”. Com as dificuldades do dia a dia acadêmico, a professora Cíntia Teixeira me propôs de eu ir aos sábados pela manhã na URI – Câmpus, para estudar com a sua ajuda, e assim fiz, me possibilitando ter mais conhecimento, mais calma, clareza.

Acredito ser importante falar que durante a graduação eu também trabalhava, na época em uma Veterinária e Pet Shop, trabalhava durante a manhã e a tarde e saia direto do trabalho para a Universidade, costumo dizer que foi bom para mim, pois me possibilitou ter mais organização, responsabilidade e também maior amadurecimento. Ainda durante a graduação de pedagogia, tive uma melhor oportunidade de trabalho, estágio pelo CIEE para trabalhar como Recepcionista, secretária e responsável pela medicação do ESF do Bairro Missões, onde trabalhei por 2 anos.

Com o passar do tempo fui percebendo que talvez a graduação escolhida não fosse a qual eu realmente quisesse como profissão para o futuro. Em 2008 fiz substituição escolar na mesma escola a qual estudei, e então foi que realmente tive certeza de que não era o que queria, desta forma terminei o ano, concluindo os dois semestres e então decidi trocar de curso, ingressando no curso de psicologia.

Quando decidi trocar de graduação, lembro que fui até a coordenação  do curso de psicologia e lá encontrei a professora Anahy Azambuja, a qual conversou comigo, me acolheu, e também foi muito clara e honesta quanto ao curso, disse: “Se quiseres cursar psicologia, sabes que tem que ter grande dedicação para os estudos, e que trabalhar e estudar podem vir a te prejudicar, então pense bem se realmente quer estudar psicologia” (SIC), e com essas palavras sai de lá, pensando em tudo que havia ouvido, das dificuldades que poderia encontrar, mas como persistente que sou, fui e fiz a troca de curso e iniciei em 2009 o curso de psicologia.

Dificuldades claro que tive durante toda a graduação, mas sempre tentei supera-las, sempre me organizei para poder conciliar estudos e trabalho, e assim foi. Participei da seleção para PIM – Primeira Infância Melhor, fui selecionada, trabalhei por alguns meses, mais tarde surgiu a oportunidade de trabalhar como secretária/recepcionista do Centro de Estágios e Práticas Profissionais da URI, fiz a seleção e fui selecionada, passando depois de alguns meses para secretária e recepcionista da Clínica Escola de Psicologia – URI. Todos esses cursos, jornadas, palestras me possibilitaram agregar ainda mais aprendizado, formando a cada experiência um saber ainda mais amplo.

Durante a graduação o que possibilitou ainda maior amadurecimento foram os estágios. Estágio Ênfase B, voltado para  clínica o qual pude por em prática os conhecimentos teóricos, durante os dois anos de estágio, com atendimento de crianças, adolescentes e adultos, e Estágio Ênfase A, o qual me dediquei a psicologia escolar, na Escola Municipal de Ensino Fundamental João Evangelista, realizando escutas de alunos, pais, professores, e funcionários.

Além dos estágios curriculares, realizei estágio extracurricular por dois anos na área de psicologia social. Neste estágio voluntário o objetivo principal foi realizar grupos de reflexão com catadores/as da ARPES a fim de proporcionar novos olhares, trocas. Durante o estágio, quis ter a experiência de viver o dia a dia dos/as catadores/as, auxiliei na separação de materiais recicláveis, sai na rua auxiliar na coleta a pé com a carrocinha bem como no caminhão que passa nos bairros. Essa experiência foi de extrema importância para haver uma troca justa de conhecimentos, pude proporcionar aos catadores/as que fossem na Universidade falar sobre seu dia a dia o que foi muito relevante para todos.

Foi durante meu período na Clínica Escola que surgiu o desejo de fazer minha monografia voltada ao tema da evasão de pacientes, devido a minha observação durante o período de trabalho, minha monografia então se voltou para esta temática do abandono e desistência de tratamento em psicoterapia que vêm ganhando um amplo espaço de discussão devido a esses altos índices de evasão de pacientes dos serviços-escola. Foi percebido que abandono e a desistência de tratamento psicoterápico trás grandes implicações para a área da saúde mental, constituindo em graves problemas não só para o paciente, mas também para o terapeuta. A investigação e analise sobre a temática me possibilitou pensar em estratégias que venham minimizar essas taxas de evasão aos tratamentos psicoterápicos. O levantamento das consequências da evasão vem à contribuir para um melhor atendimento e entendimento dos pacientes e candidatos aos serviços das Clínicas - Escola.

Logo que terminei os estudos na Universidade, surgiu uma oportunidade na área da Psicologia Organizacional na cidade de Santiago, mesmo ainda sem meu diploma, pois iria colar grau apenas em março de 2016, participei da seleção, confesso que sem muita confiança; mas para minha surpresa fui selecionada. 

Durante meu período de trabalho no Grupo Batista tive um grande amadurecimento profissional, lá tive que ir em busca de mais conhecimento a cerca da psicologia organizacional, que pudessem me auxiliar no trabalho, no início foi bastante desafiador, pois fui contratada logo que terminei a graduação, antes mesmo da colação de grau. 

Lá desenvolvi os trabalhos de recrutamento e seleção; organização e apresentação de reuniões; criação, controle, aplicabilidade de práticas de gestão, auditorias internas, todas as atividades voltadas a gestão de pessoas da empresa, psicologia organizacional e gestão da qualidade.

Conciliando com o trabalho no Grupo Batista, decidi depois de formada e já com minha Carteira Profissional trabalhar com a psicologia clínica, comecei a dividir os gastos com mais algumas colegas em um consultório, onde fiquei por menos de um ano, resolvi trocar de clínica para uma que para mim sairia mais em conta e que eu pudesse nesse período economizar para poder abrir meu próprio consultório, sonho o qual pude realizar em janeiro do ano de 2019, realizando atendimentos à adolescentes, adultos e idosos.

Bom, o caminho não foi fácil e não é, mas precisamos sempre encontrar meios de superar as dificuldades. Tenham empatia, sejam resilientes, e ressignifiquem, assim acredito que tudo se torna mais leve.

Saiba mais sobre: